Caminhoneiros iniciam greve geral no País

Desde a 0h de hoje, na data em que se celebra o Dia do Motorista, os caminhoneiros estão em greve no País por tempo indeterminado. A expectativa do presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho, é que a totalidade dos transportadores do País participe da paralisação, inclusive no Rio Grande do Sul. O Estado conta atualmente com uma frota de cerca de 240 mil caminhões. “Pelas informações que temos recebido, todos deverão aderir”, afirma Botelho. Apesar das projeções do dirigente, algumas entidades, como a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), já manifestaram sua posição de não adesão à greve. 

O MUBC reivindica, entre outros pontos, a reavaliação por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) dos registros das companhias que estão sendo montadas através de motoristas autônomos, com base em um novo sistema definido pelo governo federal. O grupo alega que essas empresas prejudicam o mercado. De acordo com o movimento, o valor do frete, na maioria dos casos, não cobre nem os custos de manutenção dos veículos. Para a entidade, esse baixo valor é referente à alteração na legislação, que reduziu os valores a serem estabelecidos pelos contratantes. 

A greve também quer chamar a atenção para a lei que regulamenta a profissão de motorista. Outra reclamação é o chamado “cartão frete”, que estabelece que cooperados ou agregados de cooperativas somente poderão prestar serviços exclusivos às entidades a que forem vinculados. O movimento argumenta que isso impossibilita a venda de fretes e compromete as atividades dos profissionais autônomos da área. Botelho comenta que a paralisação foi marcada há cerca de 60 dias e se esperava que a ANTT atendesse às reivindicações nesse período.  

O vice-presidente de Logística do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Frank Woodhead, admite que muitos motoristas poderão participar da greve. Ele diz ainda que a perspectiva é de que ocorram piquetes. “Ninguém vai afrontar piquetes que podem implicar destruição de caminhões ou cargas”, salienta o dirigente. O Setcergs adverte que, durante o período desses protestos, as apólices de seguros não cobrem sinistros e que nessas situações os caminhões das empresas, por prudência, devem evitar circular.

O presidente do Setcergs, José Carlos Silvano, revela que as informações que recebeu adiantam que poderá haver interrupções de trechos de rodovias como a BR-392 e a BR-101. Essas manifestações, que terão como objetivo interromper o fluxo de caminhoneiros que não aderirem à paralisação, poderão acontecer próximas a municípios como Rio Grande, Pelotas, Passo Fundo, Cruz Alta, Santa Maria e Três Cachoeiras. O Movimento União Brasil Caminhoneiro afirma que as manifestações serão pacíficas e não ocorrerão interrupções de rodovias. A Polícia Rodoviária Federal entrou com pedido na Justiça para que os caminhoneiros sejam impedidos de bloquear estradas no Estado.

O presidente da Unicam, José Araújo “China” da Silva, acusa Botelho de defender a informalidade no setor e que a paralisação não se traduz em interesse legítimo da categoria. “Está claro que o Brasil, neste momento, não precisa de greve no transporte rodoviário de cargas, mas de diálogo, entendimento e união em torno da categoria”, defende China. Já Woodhead concorda que o movimento tem suas razões para realizar a greve devido às normas impostas pela ANTT, porém espera que não ocorra nenhuma violência. O executivo prevê que se a paralisação durar um ou dois dias, ela não atrapalhará a economia do País. “Contudo, se for alongada mais do que isso, a coisa passa a ser mais séria.” 

Conforme a assessoria de imprensa da agência, a ANTT vem mantendo negociações com representantes dos caminhoneiros, buscando o aperfeiçoamento do registro nacional. 

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